O comparativo do Índice de Progresso Social (IPS) nas Zonas de Integração revelam desigualdades regionais do Pará
A região de Belém é a melhor para se viver no estado do Pará, seguida de Marabá e Castanhal, é o que revela o mais novo levantamento do Índice de Progresso Social do Brasil (IPS Brasil). Segundo a pesquisa, os municípios da região metropolitana de Belém foram avaliados com a nota 56,73, enquanto Marabá ficou na segunda colocação com 52,33 e a região de Castanhal na terceira com 52,10.
O estado do Pará é o segundo maior estado do Brasil em extensão territorial e enfrenta grandes desafios devido às diferenças sociais e econômicas entre seus 144 municípios. Essas disparidades foram evidenciadas no Índice de Progresso Social entre suas regiões, revelando diferentes realidades sociais e econômicas dentro do estado. Conforme os dados mais recentes do IPS Brasil, a região de Belém é a que possui a melhor qualidade de vida, destacando-se como a área mais desenvolvida do Pará. Por outro lado, a região de Altamira apresentou o menor IPS (45,80), refletindo os desafios significativos enfrentados pela população local em termos de progresso social.
As diferenças no IPS entre as regiões de integração do Pará são causadas por vários fatores, incluindo o nível de urbanização, a qualidade da infraestrutura, a distribuição dos serviços públicos e as oportunidades econômicas disponíveis. Regiões como Belém, que têm melhor acesso a esses recursos, apresentam índices mais altos, enquanto áreas mais remotas e menos desenvolvidas, como Altamira, têm índices mais baixos. Essas disparidades refletem a necessidade de políticas públicas mais direcionadas para reduzir as desigualdades regionais e promover um desenvolvimento mais equilibrado em todo o estado.
O IPS Brasil é o índice mais completo da realidade socioambiental de todos os 5.570 municípios do país. O índice proporciona um panorama multidimensional e acessível sobre a performance de municípios e estados em atender às necessidades básicas de seus cidadãos. O IPS Brasil 2024 é composto por 53 indicadores de fontes públicas. Esses indicadores foram agregados em um índice geral, com nota de 0 a 100. O IPS é composto por três dimensões principais: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos para o Bem-estar e Oportunidades.
COMO FOI O DESEMPENHO DE CADA ZONA DE INTEGRAÇÃO
Araguaia:
Localizado no interior do estado do Pará, o município de Tucumã foi o melhor avaliado da região com nota 52,58. O principal destaque positivo do campeão foi a dimensão Oportunidades, com ênfase aos indicadores: acesso a programas de Direitos Humanos e paridade de gênero na Câmara Municipal. Em segundo lugar no ranking da RI Araguaia, vem o município de Sapucaia, com nota 51,86.
Baixo Amazonas:
Com localização estratégica na confluência dos rios Tapajós e Amazonas, o município de Santarém foi o melhor avaliado da região com nota 57,24. Todas as suas dimensões - Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar , Oportunidades - apresentaram desempenho relativamente neutro segundo esta primeira edição do estudo. Porém, vale ressaltar os indicadores: densidade telefonia móvel, taxa de obesidade e acesso à cultura, lazer e esporte foram pontos fortes para Santarém.
Carajás:
O município de Canaã dos Carajás foi o melhor avaliado da região com nota 56,91. Todas as suas dimensões - Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar , Oportunidades - apresentaram desempenho relativamente neutro segundo esta primeira edição do estudo. Porém, indicadores como: índice de perdas de água na distribuição, taxa de obesidade e paridade de negros e pardos na Camara Municipal, tiveram destaque positivo.
Guajará:
Formada por apenas cinco municípios, a Região de Integração Guajará conta com o melhor município em qualidade de vida de todo o estado paraense: Belém, com nota 62,51. A capital obteve seu principal destaque positivo na dimensão Oportunidades, com ênfase aos indicadores: acesso a programas de Direitos Humanos, acesso à cultura, lazer e esporte, praças e parques em áreas urbanas, empregados com ensino superior e mulheres empregadas com ensino superior. Após Belém, o ranking da região é formado por, respectivamente: Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Ananindeua.
Guamá:
O município de São João da Ponta foi o melhor avaliado da região com nota 55,42. Mesmo que todas as dimensões Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar, Oportunidades tenham apresentado desempenho neutro segundo o estudo, o componente de água e saneamento foi o ponto forte de São João da Ponta. Em segundo lugar no ranking, vem o município de Castanhal (55,39) que ficou apenas 0,03 pontos atrás do campeão.
Lago Tucuruí:
Conhecido por abrigar a segunda maior usina hidrelétrica 100% brasileira, o município de Tucuruí é o melhor avaliado da região com nota 55,60. Embora não tenha obtido destaque positivo nas dimensões Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades, Tucuruí foi bem avaliado em três indicadores do estudo: hospitalizações por condições sensíveis à atenção primária, obesidade e existência de ações para direitos de minorias. No ranking da região, o município de Breu Branco ficou em segundo lugar, com nota 52,08.
Marajó:
Localizado na Ilha do Marajó, o município de Soure foi o melhor avaliado da região com nota 59,37. O principal destaque positivo do campeão foi a dimensão Oportunidades, com ênfase aos componentes: Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolhas e Inclusão Social. Em segundo lugar no ranking, ficou o município de Salvaterra com nota 55,50.
Rio Caeté:
Popularmente conhecido como Salinas, o município de Salinópolis foi o melhor avaliado da região com nota 57,40. Todas as suas dimensões - Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar, Oportunidades - apresentaram desempenho relativamente neutro segundo esta primeira edição do estudo. Porém, vale ressaltar o componente Acesso à Informação e Comunicação como destaque positivo de Salinópolis. No ranking da região, o município de Santarém Novo ficou em segundo lugar com nota 56,32.
Rio Capim:
O município de Capitão Poço foi o melhor avaliado na RI Rio Capim, com nota 55,71. O principal destaque positivo do campeão foi a dimensão Oportunidades, com ênfase ao componente: Direitos Individuais, que teve todos os seus indicadores avaliados como pontos fortes. Em sequência no ranking, os municípios de Dom Eliseu (54,80) e Paragominas (54,76) ficaram em segundo e terceiro lugar respectivamente.
Tapajós:
Dentre os seis municípios que compõem a RI Tapajós, o de Rurópolis foi o melhor avaliado da região com nota 48,18. O componente de Nutrição e Cuidados Médicos Básicos foi destaque positivo com ênfase aos indicadores: cobertura vacinal (poliomielite) e mortalidade ajustada por condições sensíveis à atenção primária. Em segundo lugar no ranking, vem o município de Itaituba, que pontuou 47,27.
Tocantins:
Localizado à margem esquerda do Rio Tocantins, o município de Cametá foi o melhor avaliado da região com nota 54,68. Os indicadores: índice de abastecimento de água e acesso à cultura, lazer e esporte foram pontos fortes do campeão. No ranking da região, Barcarena (54,30) ficou em segundo lugar com pontuação bem próxima ao do primeiro colocado.
Xingu:
Localizado no sudoeste do estado do Pará, o município de Brasil Novo foi o melhor avaliado da região com nota 51,51. Os destaques positivos do campeão foram os componentes: Saúde e Bem-estar e Direitos Individuais. Em segundo lugar no ranking, vem o município de Vitória do Xingu, que pontuou 47,76 conforme a primeira edição do estudo.
POR COMPONENTES
As disparidades entre as regiões são ainda mais evidentes ao analisar esses componentes individualmente.
Necessidades Humanas Básicas - Esta dimensão abrange indicadores como acesso à água potável, saneamento básico, habitação, e segurança pessoal.
Belém alcançou 64,22 de nota. Como capital do estado, Belém possui uma infraestrutura relativamente mais desenvolvida, com melhor acesso a serviços básicos, como saúde, saneamento e segurança. Isso explica o seu alto índice nessa dimensão.
Em contrapartida, Altamira foi avaliada com 54,64. Esta é uma região com menor densidade populacional e enfrenta desafios maiores em termos de infraestrutura básica, o que se reflete em um índice mais baixo. A expansão urbana desordenada e a dificuldade de acesso aos serviços em áreas rurais também contribuem para esse resultado. A média estadual foi de 61,08, com Santarém (61,45) e Marabá (60,63) se aproximando dessa média.
Fundamentos para o Bem-estar - Esta dimensão inclui educação, acesso à informação, e saúde básica.
Mais uma vez, Belém se destacou com 62,88, seguido por Marabá com 57,27. Altamira, com 50,92, e Redenção, com 52,70, ficaram abaixo da média estadual de 58,35. Belém se beneficia de uma maior concentração de instituições de ensino, unidades de saúde e meios de comunicação, proporcionando uma base mais sólida para o bem-estar dos seus habitantes.
Marabá (57,27) e Castanhal (56,39) também mostram resultados relativamente bons, graças a investimentos em infraestrutura e educação, além de serem polos regionais de comércio e serviços.
Altamira (50,92) novamente evidenciou as dificuldades de acesso a serviços de saúde e educação, especialmente nas áreas mais afastadas, impactando negativamente o bem-estar da população. As longas distâncias e a falta de recursos adequados nas escolas e hospitais locais também contribuem para o baixo índice.
Oportunidades - Essa dimensão avalia aspectos como direitos individuais, liberdade pessoal, inclusão e acesso à educação superior.
Esse foi o componente que apresentou a maior disparidade entre as regiões. Belém (43,09) como centro administrativo e econômico do estado, Belém oferece mais oportunidades de emprego, educação superior, e participação em atividades culturais e políticas. Isso proporciona maior liberdade pessoal e inclusão, refletindo no maior índice de oportunidades.
Apesar de ser rica em recursos naturais, a região de Altamira (31,83) tem um desenvolvimento econômico limitado e falta de diversificação de oportunidades econômicas. A economia local é altamente dependente de atividades extrativistas e agropecuárias, o que limita as opções de emprego e educação superior, resultando em um baixo índice de oportunidades.
Outras Regiões (Redenção 38,61; Breves 38,63) apresentam desafios semelhantes, como infraestrutura inadequada, menor diversidade econômica e limitações no acesso a serviços de qualidade, que também restringem as oportunidades para os habitantes.
Essas diferenças nos indicadores refletem as condições de vida, o acesso a serviços básicos e as oportunidades econômicas que variam consideravelmente dentro do estado. Enquanto Belém se beneficia de uma infraestrutura mais robusta e melhores condições socioeconômicas, outras regiões enfrentam desafios que impactam diretamente a qualidade de vida de seus habitantes.
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01/10/2024